quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Magnólia

O que eu quero mais?
Se eu sei que a vida é bela é linda...

Já consultei os astros... Minha alegria vai chegar e há de ser antes da primavera.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Fizemos um trato tolo, repleto de estupidez e lágrimas.
O trato foi entre o meu cansaço e você.
Meu amor, carinho e tudo o mais que eu tinha pra dizer, ficou de fora, engasgado.
Assim ficamos. Assim está feito.

pois é.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Guarde um sonho bom...

Não faz disso esse drama, essa dor... É que a sorte é preciso tirar pra ter...

A vida é líquida

De repente, do meio conturbado e confuso fez-se o fim. Doloroso, sem rumo, sem mais esperança. Contribuí para construir esse fim. Escrevi o ponto final com a pena que me destes; na bagunça do seu coração, meu amor errou de pontuação e se perdeu... Vejo então esse ponto final de lágrimas, perdido em algum pedaço de papel que não faço questão de ficar.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Roda, roda, e agonia e Rosa.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar...

sábado, 4 de dezembro de 2010

(Des)encantamento

Estou sendo apresentada á vida. Ora a pontapés, ora de braços abertos, mas as boas-vindas não param de chegar.
Temo as portas abertas, mas atravesso uma a uma (claro que sem fechá-las, flor)

a gente vai levando...

domingo, 28 de novembro de 2010

Fusão

Um pouco de "me diz se assim está em paz, achando que sofrer é amar demais" com "Besteira qualquer, nem choro mais, só levo a saudade morena, é tudo que vale a pena..."

A muralha e os livros

Queimo, involuntariamente, qualquer vestígio que posso ter do meu passado e construo uma muralha em volta de mim, incapaz de olhar pra trás. Tão quanto, incapaz de olhar pra frente.
Me prendo no presente.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Vazio

Distância, solidão e todas aquelas palavras tristes que só levam a um caminho.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

glory box

domingo, 14 de novembro de 2010

Cheguei numa fase da minha vida que vejo que a única coisa que fiz até agora foi fugir, fugir de mim mesmo, do meu nada, e agora não tenho mais para onde ir, nem sei o que vou fazer, fui péssimo em tudo.

sábado, 13 de novembro de 2010

Pequeño Poema Infinito

Cheia de um vazio que o álcool, a fumaça no peito e as gargalhadas não são mais capazes de suprir.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Metalinguagem

- Puta que pariu, o ônibus passou!
- Amor, fique tranquilo, já já passa o próximo.
- O próximo vai vir cheio pra porra, a gente vai chegar atrasado no teatro, não vai dar pra reembolsar o ingresso e aí...
- É só um ônibus, só um teatro, só um ingresso. Olha que dia lindo.

Logo em seguida o ônibus passou e o casal se foi. Vendo o ônibus passando, achei graça; vi naquele par, naquele amor, de mãos dadas, meu passado e presente.

domingo, 31 de outubro de 2010

Você me falando assim de ontem, tanto ontem, esqueço um pouco que tivemos um nosso ontem. Hoje, eu não sei, nunca sei, jamais saberei. Me perco no amanhã.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Exílio

Saber do amanhã, sem saber, esse é o meu destino.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Meu tempo

Minha sorte está lançada
Eu sou, eu sou estrada
Eu sou, eu sou levada
Eu sou, eu sou partida
Contra o grande nada - lá vou eu!
Ao romper da madrugada
O sol no pensamento
E o tempo contra o vento
E a minha voz alçada
Contra o grande nada - lá vou eu!
"Quem vem lá?" Pergunta a solidão
"Sou eu!"
Sou eu que vou porque o meu tempo nasceu
Entre os ecos do infinito
Eu grito, eu mato a solidão
Eu sou meu tempo, eu vou
A ferro e fogo, eu corro
Eu vou, eu canto e grito: amor!
Eu vou, eu vou, eu canto e grito: amor!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Poesia Auto-explicativa


E se
A infância perdida
Encontrasse a rosa do asfalto
Crescesse bonita como um passarinho
E tivesse um amor maior do mundo
E percebesse enfim, que, como tudo no mundo,´
Amor ou ódio
acaba?

sábado, 9 de outubro de 2010

Justo a mim

A mim coube ser eu.
E eu não caibo em mim.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais pura.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Cinza

Tudo cinza. De olhos fechados ou abertos, o que eu vejo é cinza.
Um misto de preto, de branco; é cinza.
O que vejo é cinza. É frio e inóspito. Invadindo meu pensar, meu sentir. Descolorindo meu sonhar...

sábado, 2 de outubro de 2010

Pó, poeira, ventania...

Fênix renasce das cinzas, meu bem.
Do pó, construimos o concreto. Sem importar que depois tudo vira pó de novo. Temos de saber aproveitar nosso ápice, minha querida amiga. A queda, a dor, é tudo consequencia; o sentimento, a intensidade está sempre aqui, aí, conosco. Seja do concreto ou do pó.
Não deixe de acreditar no amor.

domingo, 26 de setembro de 2010

- deixe a luz acesa - Sofia pediu, com os olhos firmes, daqueles que paradoxalmente não mostravam medo, tendo em vista o pedido - com a luz apagada, eu posso enxergar.

domingo, 19 de setembro de 2010

Parede...

Intocável.
Transparente como o vidro, o que faz as coisas mais difíceis.
Fica a vontade. Impenetrável na parede que criamos.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010


I will leave when the wind blows...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Diz que eu fui por aí

Eu não sei se estou bem ou mal. Eu não sei de muita coisa, afinal, como distinguir o bem e o mal, o feio do bonito, o errado do certo, o transcedente do real?
Platonismos a parte, me vejo á margem de qualquer certeza, distante de alguma coisa definível (porém, deveras tocável). Tenho minhas próprias certezas, e elas nunca foram tão pequenas perto daquelas em que eu gostaria de saber.
Me perdi por aí. Sei da dor que isso causa em mim, mas isso não importa, não me importa.
Me perco um pouco em todos os cantos que vou. Sinto vergonha dos pedaços que deixei, que deixo. Me quero inteira, por inteira, quero a tempestade. No entanto, não me peço, não me impeço. Vou andando. Não muito bem.

domingo, 12 de setembro de 2010

Bordado.

Coloco tudo no limite, tudo por um fio. Teço todos esses fios, formo um bordado de aparência do tipo não-me-importo.
O que eu te digo (quase nada, talvez), o que eu sinto, o que eu penso (muito), é tudo real. É real. E me vejo numa bobagem de te forçar entender aquilo que você talvez não o queira.
E, sinceramente, é isso e ponto final.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Lost in translation

Louca, perdida, alucinada, como sempre.
Mas aqui.

sábado, 4 de setembro de 2010

pessoas especiais e tantas coisas bonitas, trazem tantas cores, que chegam a me cegar (de lágrimas e luz).
Obrigada, amor.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Um homem na estrada...

...Recomeça sua vida, sua finalidade: a sua liberdade.














A gente sonha a vida inteira e só acorda no fim...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Rabiscos de uma (avenida) paulista solitária

Aceitação pessoal. Ou tentativa de.
Vou me abster do clichê da avenida cheia, da avenida com pressa, da avenida cheia de pressa.
Tempo seco, o cigarro inevitável cai ardido. Vontade não menos ardida de fazer tudo, de me perder por aí.
As horas passam e os barulhos de saltos e sapatos tornam-se mais frenéticos, mais intensos. Sinto meu coração em sincronia. Coração bobo, desesperado, despedaçado, empapuçado de uma esperança sabe-se-lá-de-que.
"Me gusta estar solo. La soledad me hace sentir bien. Cuando me hundo, me ahogo. Me encanta la vida y nada más...", me disse um colombiano-poeta-artista. Achou que eu o entendia por estudar filosofia. Entendo-o por viver.
O tempo seco, o tempo vazio, eu seca e vazia, não desencanta a lua cheia imponente no céu. Nada faz nada parar. Segue, sigo.

sábado, 21 de agosto de 2010

Essa vida.

Essa vida é tão pesada, negra e filha da puta. Essa vida, tudo aqui em volta é tão monótono, sem cheiro, sem gosto, sem porra nenhuma.
Essa vida é tão massante, previsível (pior que decepcionante).
Essa vida é tão morta.

Poderia não ser, eu sei.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Auto-explicativo

Entra, fecha a porta.
Me diz o que tá acontecendo. Me diz o que não está acontecendo, porque eu simplesmente não entendo mais nada (no mal sentido) e cansei de acompanhar um ritmo e uma direção que eu não sei quais são.
Fala pra mim o que passa na sua cabeça, me fala de quando você acorda mal, de quando você acorda feliz. Me diz dos seus planos, das suas tristezas, do que você vai fazer hoje, do dia que acordou junto contigo, bonito.
Não foge, não se afobe. Sente comigo.
Se não, saia. Feche a porta.

domingo, 15 de agosto de 2010

15 de agosto

15 de agosto é um dia que me faz refletir muito, há 7 anos. É um dia que eu penso em tudo aquilo que eu queria/poderia ter vivido com ele e não vivi. E foi muito.
Dia 15 de agosto é um dia que ajuda a manter aberto esse buraco eterno de procura que existe dentro de mim, uma procura que talvez não adiante, porque era só nele que eu poderia achar.
Nunca fui carente, fraternalmente falando. Posso não ter a família mais afetuosa, mas estão sempre lá, sempre aqui. Mas a falta dessa figura, me faz ter uma saudade imensa de tudo aquilo que eu não tive.
Lembranças vagas, gostosas, de vez em quando passeiam na minha mente. O primeiro jogo, a primeira camisa do palmeiras, o primeiro contato com a música, com gente, com carnaval. Isso dói, porque sei que o tempo pode sim tirar isso de mim. Oras. são só lembranças, falta algo mais.
Me pego as vezes ouvindo histórias dele e tentando criá-la na minha cabeça, em busca de algo um pouco mais concreto em que eu possa me agarrar, para que de alguma forma eu possa tocá-lo, como não tive a chance de fazer.
15 de agosto é um dia longo.

sábado, 14 de agosto de 2010

Les Poupées Russes

Me sinto numa grande mistura de longa-metragens, em que cada dia me encaixo perfeitamente a uma sinopse.
Não há duvidas, hoje o dia é perfeito para o não olhar pra trás de bonecas russas e seguir seguindo, do jeito que posso, do jeito que consigo, com Beth Gibbons me dizendo que precisa ser assim.
O trem partiu.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Queridíssimas



Não me canso de escrever pra vocês. Talvez por não me cansar de escrever pra mim mesma, e como já disse por várias vezes, é porque vocês estão um pouco em mim, ou melhor, porque vocês são um pouco de mim.

Cada trecho de vida lá fora me faz ter mais vontade e mais saudade de vocês, insaciável, não interessa o tempo que passo com ou sem vocês.

Queria pedir força de vocês. Força pra vocês e pra mim. Quero muito nesse momento e acredito que possa retirar de vocês, com vocês.

Hoje, meus amores, estou livre. Hoje, quero me sentir livre. Àquele passarinho azul, que insisto em deixar preso em meu coração, hoje quer sair. E vai sair, ele precisa sair.

Quero o máximo de vocês nesse momento. O máximo de poesia, de razão, de coração que está sempre presente conosco. Intensidade.

Amores, libertem-se.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Engraçado...

Depois de tanta dor, sofrimento, esperança, alegria e essa mistura quase sinestésica de coisas tão (im)palpáveis, o meu único medo (sem o tom pejorativo e pesado da palavra, só medo) é que o seu "você" referido deixe de ser eu. E só.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Arte é ilusão...

...Pois eu não ajo Fico ou Parto - com constante alegria
Meus pensamentos, embora céticos, são sagrados
Santa prece para o conhecimento ou puro fato.

Então enceno a esperança de que posso criar
Um mundo vivo em torno de meus olhos mortais
Um triste paraíso é o que imito
E anjos caídos cujas asas perdidas são suspiros.

Neste estado não mundano em que me movimento
Minha Fe e Esperança são diabólica moeda corrente
Em mundos falsificados, cunho pequenos
torno de mim, e troco minha alma por amor.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

pararenato

o renato é um sujeito engraçado.
Coloridamente alvi-negro, o renato é um cara engraçado.
Quer escrever um caminho tortuoso, mas um torto diferente daquele que a sociedade quer nos impor. Um torto certo, um torto reto (pra ele).
O renato quer fugir da camisa (de força) que a empresa o obriga a vestir diariamente e se cansou de limpar registros de uma história suja da qual contribuiu pelo simples fato de ter nascido.
renato quer ser feliz. Quer ver a história como um carro alegre e através do carro, atropelar essa história que o mundo o impõe. Escrever um futuro através do passado.
Tem dias que renato não quer acordar porque sabe do dia, do mundo que o espera lá fora. Tem dias que o renato fica louco pra acordar e sugar o dia e o mundo que o espera lá fora.
Que besteira, renato. Você só quer ser feliz, beber, esperar o seu jogo de domingo no pacaembu. Só quer um amor. Não daqueles pra vida inteira, só com a intensidade da eternidade.
Sei que sua solidão me dói e que é difícil ser feliz, renato. Sei que sua inteligência o trava e o acelera nesse caminho que somos obrigados a seguir (viver). Sei pouco realmente de você, da sua história. Mas sei do mundo que o cerca, da selvageria que está a sua volta e aos poucos, talvez por seguir um caminho semelhante, passo a te entender melhor.
renato, você é um cara engraçado.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Blueberry Nights

Não se afobe não, que nada é pra já.
A porta está aberta.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Se alguém...

... Tem alguma ideia de como sair daqui, de mim, o mais breve possível, por favor, me avise.
Grata.

domingo, 25 de julho de 2010

Besta...

... Mas completamente real: que atire a primeira pedra quem não se sentiu completamente estúpido pelo simples motivo de dizer o que sente ou simplesmente sentir?


Além de real, freqüente.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Impulso...

Que vontade de escrever um romance! Daqueles bem piegas, bem clichês, que o mocinho agarra a mocinha por trás e eles tornam-se felizes para sempre, arrancando lágrimas do público. Vontade de escrever um romance, daqueles que o mocinho se arrepende da decisão que faz (seja ela partir, não querer, trair) e vem correndo buscar a amada que está prestes a partir desesperançosa. Vontade louca de pôr no papel uma dessas novelas na qual o início é premeditado, o meio é angustiante e o fim é o mais clichê possível (até onde podemos ver).
Um romance de tirar o fôlego, com direito a todas as lágrimas e sorrisos que um folhetim pode arrancar.
A menina não ia ser necessariamente insegura e frágil (deixo o clichê para a história, inovaremos nesse caso um pouco os personagens). A menina podia ser orgulhosa. Mais segura de si. Pelo menos os que as outras pessoas pensam dela. Ela podia beber bastante, fumar bastante, fazer tudo em níveis "bastante" (um toque de Caio F.).
O rapaz podia ser um grandissíssimo filho da puta. Bebe e fuma tanto quanto ela, está por aí e sua vontade é sair dali, apesar que, sabe que algo o prende àquela moça tão sem noção alguma de nada. Tinha lá seus traumas e problemas doidos (assim como no caso dela, ela não seria o seu primeiro amor); mas estava ali, vivendo, o que achava que era feliz. Um filho da puta de primeira.
O casal começaria sendo um casal, logo tornariam-se um não-casal. Depois fases e mais fases alternando a sua situação, mas sempre com o amor ali. Conflitos psicológicos de ambas as partes (diferindo aí, mais uma vez de alguns romances, em que o impecilho são os vilões que querem separar o casal feliz; aqui os vilões são suas próprias cabeças), os levariam a tufões de ideias que os repeliam e ao mesmo tempo os atraíam de forma pungente.
E o tempo foi passando com uma intensidade tão grande que ao fechar os olhos, a moça acredita que foi mais tempo e mais dor do que ela realmente passou (ou acredita ter passado, dor e amor são tão fusíveis).
E aí entraria o clímax (só o primeiro de muitos outros, que provavelmente me daria preguiça de escrever um romance prolongado), em que deve se haver um tudo ou nada, um ultimato (aqui os vilões, no caso, estariam dando uma risada maligna e a trilha sonora seria uma música de suspense, não um suspense-tarantino-carneficina, mas qualquer outra musiquinha de suspense por aí). Neste intante, os leitores fixariam os olhos na trama, aflitos; uns torceriam por ela, outros por ele, outros iriam querer muito que os dois ficassem juntos, alguns outros acreditariam que eles ficariam melhor um de cada lado e deixar essa relação-não-relação de lado. As expectativas ficariam altas e alguns leitores mais ansiosos chegariam até a pular algumas páginas pra conseguir ver o fim da história (bom seria se pudéssemos fazer isso na vida).
Até aí, até então, eu pensei que o final ia ser como o descrito no início do texto, com o fim piegas, com uma música bem gracinha do tipo "não-vivo-sem-você" e essas coisas.
Mas não vou terminar nada.
Fica aqui minha reticências e como trilha sonora algo do gênero los hermanos, pra variar um pouco.
Fim.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Vinicius, velho, saravá

Poeta, poetinha, vagabundo, salve Vinícius!
Cadê meu ápice?


A vida não gosta de esperar, a vida é pra valer, a vida é pra levar...

Risos...

Eu só dou risada. Enquanto estou em prantos, com muitas, todas as lágrimas do mundo desabando em meus olhos, eu estou sorrindo.
Estou em gargalhadas. Em transe. Quando eu estou bêbada. Quando estou dormindo, quando estou no seu colo, implorando por um carinho, eu estou sorrindo.
Eu fico aqui, sentada, resignada, em estado de (des)esperança, ou seja lá o que isso se transformou hoje, mas estou sorrindo.
Você é maior que tudo isso meu bem.
Mentira. Nós somos maior que tudo isso, seja lá o que isso for.
Fim, meio, começo, nessa ordem, sem essa ordem, tudo junto, tudo misturado, tanto faz. Não importa, não interessa, não pra nós. Imbróglio.

Ps. O texto "Por entre paralelos" está datado no dia 22 de julho de 2009.
Sorrisos.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Resignação (Pt. II)

Sofre com o que tem e com aquilo que não pode ter.
- Não posso aturar comigo, nem posso fugir de mim.
Tira os cobertores de cima dela. Grande frio, grande medo de acordar. Mas esse é o tempo e é essa a situação. Abre a janela e depara-se com a chuva que cai lá fora. Não mais àquela garoa chata paulistana, mas as grossas gotas de chuva de verão – Esse é o tempo. O tempo é outro.
Costuma ter a indecente e masoquista mania de tentar se recordar onde estava no ano anterior; bobagem, nenhuma mudança, além de, talvez, com ousadia, a posição da sua cama no quarto. Sai da janela e senta-se no colchão, com os cobertores ainda a dobrar. Se dói em pensar no ano seguinte e na possível mesma conclusão que chegou hoje e que chega há anos, desde aquele que resolveram colocá-la no mundo.
- É uma menina! – E sua mãe, feliz, a recebe no colo aos prantos, pensando em seu futuro promissor, construindo planos de vida. Recém colocada no enxoval de bebê, sua mãe, já sonhava no enxoval de seu casamento perfeito, com seus futuros netos e genro perfeito.
- Que bênção, que bênção! – Que desgraça. Pobre futura senhora. Além dela mesma, sua mãe era outra por quem sofria. Lembra-se dos momentos quase sentimentais, quase amorosos que passara com ela. Dos jantares em que ela preparava para a família, e que no fim, sempre meio bêbada, meio de emoção, meio de álcool, largava-se em risos e besteiras qualquer. Havia tanta ternura na sua lembrança, que conseguia lembrar sorrindo até mesmo dos xingamentos e pragas pré-preparativos que sempre ouvia. Pensa que aqueles xingamentos não eram sinceros. Mas grande parte dele são reais, sabe disso.
Deita-se de novo. Tentada em colocar as cobertas de volta em cima dela, mas sente o frio como um flagelo, um flagelo bom. O conforto, pensa, o conforto calaria seus pensamentos como sempre o fez. Não queria mais se calar. Queria fazer, gritar (Ah! Há quantos não grita!), queria, queria, quantas frustrações. Coloca os pezinhos pra dentro do cobertor, ora, chega disso, já já é hora do bar, de esconder (e não secar) as lágrimas. De rir com quem chora também.
Recordou de novo de sua mãe. Ela vai chegar daqui uns tempos. Não se sabe se vai chegar triste ou feliz, tudo depende do dia, do humor, do momento. E, disso ela entende.
Tola, lembrou-se também de que chegou a fazer um trato com o mundo quando criança (agora com o cobertor até os joelhos), de que se daria um pouquinho ao mundo, com a condição de que ele também se desse um pouco pra ela. – Mundo filho-da-puta – falou baixinho e logo olhou em volta com vergonha de que alguém poderia tê-la escutado. A vergonha virou lamento, de certo não a escutaram. Estava sozinha, era sozinha, não importava o quão junto estava de outras pessoas. Nunca sentiam por ela, como ela sentia pelos outros.
- Mundo filho-da-puta.
Fechou os olhos. Não o tinha feito até então pra não cair àquela gota quente que estava presa. Mas caiu. E junto daquela, caíram várias outras, cada uma delas com um motivo-sem-motivo. Agora sente mais frio, a chuva lá de fora dá lugar àquela ventania úmida. Resolve enfim se levantar, dobrar as cobertas, as cômodas cobertas, e, fechar a janela. Besteira. se afunda de vez embaixo delas e lá permanece. Esperando. Um amor, uma companhia. Uma fresta de Sol, que seja, vinda da janela.
Chora. Dá uma gargalhada alta. Vira-se de lado e dorme. Com os cobertores na sua cabeça.

domingo, 11 de julho de 2010

Resignação

Os domingos acordados com o cheiro do frango assado no formo. Enjoado pela ressaca do dia anterior, levanta-se em passos vagarosos e vai para o banheiro, talvez lavar o rosto, talvez tentar vomitar o que o incomodava (quanta tolice, achar que vai tirar de si tudo oque incomoda com um gorfo qualquer; bom seria). Não consegue, nunca consegue. Lava o rosto e desce as escadas, já encenando a cara de sala para os parentes da sala.
Escuta a todos eles, um por um. Na verdade não precisa escutá-los, sabe exatamente o que cada um deles está falando, são alguns anos da mesma coisa.
Resolve dar umas risadas, sempre com a cabeça longe, pensando aonde poderia estar. Pensando aonde queria estar. Mas, se resigna e ali permanece.
Sentado no sofá verde cor-de-tédio, se afunda cada vez mais na solidão de tanta gente que o cerca.
Ligam a TV, é a hora do jogo. Xinga, vibra, torce. É uma fuga. É uma tentativa de fuga. Agora evita pensar no que te cerca, no armário repleto de fotos antigas de sorrisos forçados, com gente que mal sabe quem é.
- Essa cor do sofá realmente o incomoda.
É intervalo de jogo. Tomar uma cerveja, por que não? Mais uma, e outra, e outra, e outra.
Cochila no segundo tempo. Acorda com uns gritos desanimados do jogo roubado, do bandeirinha filho-da-puta que impediu o gol legal.
Reesquenta o almoço. Agora os familiares já foram embora, mas a presença pesada deles permanece na sala, no quintal, em tudo que o cerca.
Assiste á qualquer programa patético de domingo, como sempre, não está exatamente prestando atenção naquilo que vê. É só pra fugir daquilo que sente.
Deita na cama enfim, ansioso pelo fim do dia de domingo. Ansioso pela resignação do dia seguinte.
Pelas segunda-feiras com cara de segunda-feiras.

sábado, 3 de julho de 2010

Meu coração...

... É como uma bailarina.
Mas das ruins. Daquelas que rodopia mal, nunca para no lugar onde deveria, costuma cair e se machucar. Não, nunca sabe a coreografia e dançam nervosas e inquietas, sem conseguir passar a leveza da dança.
Porém, como toda boa ruim bailarina, de vez em quando ela acerta um passinho ou outro.




“É preciso um grande caos interior para parir uma estrela
dançarina”!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Ah vai e me diz o que é o sufoco...

E essa necessidade sufocante, de soltar um grito que tá aqui, tá engasgado na garganta, que não sai de jeito nenhum.

...Que eu te mostro alguém afim de te acompanhar.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Esse blog...

Esse blog é prepotente. Esse blog é egoísta e a (pseudo)escritora é quem vos fala.
Esse blog fala das minhas dores, dos meus amores, dos meus ápices e quedas.
Das minhas cores, ora monocromática, ora tantas fundidas em uma só que não há como explicar.
Das minhas sinestesias; EU LEIO meu cheiro, EU VISUALIZO o momento, EU, EU, EU.
Esse blog não diz muita coisa pra muita gente. No começo chegou a dizer, no começo a proposta era dizer. Mas oras, dizer o que, pra quem? Quem sou eu pra dizer algo pra alguém, pra estapear ou acariciar a cabeça de alguém, pra dar a elas algo a se identificar?
Eu sigo a minha estrada, estreita, esburacada, errônea. Eu sigo um caminho tortuoso, indefinido, incerto. As pessoas o julgam errado, e eu não tenho a competência (oras, a cara-de-pau) de dizer que é mentira.
- O que você tá fazendo? Você precisa se desprender.
Eu preciso. Eu preciso? Eu não quero, então por que afinal eu preciso?
Essa coisa de esconder as mágoas ou tentar apagar o choro, que besteira é essa? Isso também não é viver, afinal?
Essa sina de obrigações-para-atingir-obrigações sufoca. Sufoca e eu me sinto subordinada a tanta coisa, tanta coisa. As vezes eu já nem sei mais até onde vai essa subordinação. Me sinto subordinada as coisas que eu gosto, me sinto subordinada á meus amores. Me sinto trancafiada num elo de subordinações, que, porra, eu criei pra mim mesma. Necessidades que eu defini na minha vida pra minha vida que eu nem sei se é isso que eu realmente quero. Que necessidades são essas? Que aflições esmagadoras são essas, se, no fim das contas, não me falta nada? "I insustentável leveza do ser"; eu sei disso meu bem.
EU quero sentir tesão por esse escuro (não negro) futuro que vejo na minha frente. Eu quero curtir isso e eu não quero que ninguém me ensine nada, problema meu, meu, meu.
Essa sou eu. Eu não peço que me entendam, nem eu me entendo e na verdade não procuro tal.
Eu, meu, meu, meu, chego ao máximo no "nosso".
Esse é o meu blog.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Besteira

Besteira é ser oito ou oitenta.
Pra mim é a mesma coisa que ser seis ou meia dúzia.

As vezes

...Eu me sinto meio assim
c
a
i
n
d
o, e a queda dói.
Aí, parece que o vento leva a dor e deixa isso aqui que eu não sei o que é. E, eu não sei se é consolo, se é comodismo ou se é o que é (é o que é, coisa estranha).
Aí eu fico lá-em-ci-ma de novo. Mas que bobagem, logo vem a queda.
Não tô sabendo rimar amor com outra coisa meu bem, me desculpe.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Estações

Outono. Inverno chegando. Passamos pela primavera. Cá estamos.
Nessa dança, louca, louca, louca (três vezes).
Em passos largos, pequenos, ousados, macios. Dançamos.
Eu gosto da dança. Eu quero dançar.
Isso é problema meu, eu sei.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Presente do passado

Agora já faz tanto tempo que você se foi, e eu continuo aqui no sofá, tentando entender o porquê de tanta ausência, o porquê desse distanciamento todo.
Queria procurar saber, como vai você, mas não daquele jeito bobo, daquele jeito que vem acompanhado da pergunta do tempo de amanhã. Queria saber como vai a sua vida, os sentimentos, o coração, que eu sei que bate tão forte, sempre bateu aí pra você.
Quero saber como andam suas árvores, suas cores, seus amores. Já fui um deles, afinal de contas (não querendo eu, ser somente seu passado).
Dia 11 passou e mais um mês de não-você por aqui. Não dói, não mesmo, é uma lamparina do passado que brilha bonito aqui, agora. E dia 20 vem daqui a pouco também; como o tempo vai andando por aí, cheio de não-nós e lembrancinhas perdidas que surgem de vez em quando.
Sinto um carinho imenso, dos icomensuráveis, queria poder te dizer isso, sem medo de más interpretações. Eu não me importo com as más interpretações, eu sei o que esteve aqui. Eu sei o que está aqui
Quero desejar boa sorte, e, oras, o tempo passou, mas não é só ele que te acompanha (te lembras disso?).
Com açucar, com afeto.
Pra nós.

Convite

Quero dançar contigo. Dos tangos (de todas as estações) mais lindos ao som mais piegas, brega-romântico.
E só. Quero dançar contigo, sem ter que me importar com o fim do dia, nem sequer com o fim da dança, com o fim do fim...
Eu só quero dançar. Aproveitar esse som límpido e vazio, essa trilha sonora que paira sobre nós, e dançar.
- Você vem comigo?

(...)lhe bastava amar, como uma coisa que só por ser sentida e formulada se completa e se cumpre?

domingo, 13 de junho de 2010

Sei lá

- Tanto faz.
Tanto faz. Renata sempre respondia tanto faz. Talvez pela resignação natural das coisas. Ou talvez porquê tanto fazia.
De vez em quando se incomodava. Hesitava, pensava no contexto e via que tinha algo ali. Indefinível. Indefinível como bom, ruim, estranho, sei-lá-o-quê. Sei-lá-por-quê. E, tanto fazia. No fim, sempre. Tanto fazia.
Não sei. Ela também gosta muito de não sei. O porquê, ela não sabe exatamente.
É cômodo deixar as pessoas decidirem o que você tem que fazer, quando fazer e como fazer. É cômodo esperar as decisões alheias para decidir o seu destino. E, essa espera que enfrenta, essa espera sabe-se-lá-do-quê, essa espera no fim, também torna-se cômoda.
Mas não hoje.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Aquelas coisas...

Vago sobre a filosofia de Hegel, chego a Kant, Hume. Tenho de ler Schopenhauer, e oras, como fugir do Wittgenstein?

Não sei mais se eu persigo a filosofia ou se é ela que me persegue.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

No vácuo de mim...

...Eu me despenco.

Abriu a geladeira e pegou uma cerveja – na falta de algo mais forte, provavelmente – e tentou se esquecer. Talvez para lembrar. Talvez para esquecer, sinceramente não sabia mais. Ao passo que mais tentava se distrair lembrava mais, com doçura e ódio. Pensava no verso “que o esforço pra lembrar é a vontade de esquecer” e se doía, não sabendo até onde é fato, até onde é o avesso.
Gostava do efeito do álcool sobre seu corpo. Talvez uma tentativa vã de delícia, no meio de tantos espinhos de lembrança doloridos que em seus poucos anos de vida já estão embutidos. Gostava de se afogar nesse limbo embriagado, sobriedade é viver, pensava.
Foi num espasmo. Sim, como num espasmo de cãibra, como um espasmo de auto-defesa, lembrou-se de quando ele disse “podia ficar aqui horas olhando pra sua cara”; sim, ele disse “pra sua cara”; simples, sem poesia, sincero. E aquela lembrança lhe doeu como algo que não podia comparar, porque nunca tinha sentido uma dor como aquela. Não por ser a mais intensa ou a menos doída, mas simplesmente porque nada tinha doído daquele jeito antes.
Decidiu tomar outro gole para espairecer. Para esquecer. Tentou se lembrar da lua, da beleza da lua e recitou para si mesma alguns trechos de Caio Fernando; Caio Fernando a entendia, a sentia, escrevia para ela, ela tinha certeza.
E leu, e leu, e leu por horas a fio. Chorou, sentiu, sorriu, quem sabe. Esmiuçou uma melhora, mas logo viu, que besteira, logo sentiu; era tudo pensando nele, pra ele e não fugiria da vala tão cedo. Da vala ou do pico do penhasco, como decidir.
E ali ficou, perplexa, pensando no que fazer. Pensando no que sentir. Oh, pensando no que pensar, quanta tolice, minha cara.
O relógio tocou meia noite. Ou talvez onze, ou dez, sua embriaguez não a deixou ver direito, e naquela altura, que valia saber a posição dos ponteiros, se mal sabia sua posição na vida?
Tomou seu comprimido para enxaqueca, gastrite, dor nas costas com o último gole da cerveja que já estava quente, cansada de esperar para ser bebida. E, assim, se deitou. E acordou mais um dia. Mais um dia, pensou, a continuar tentando a espera de um sol mais luminoso.

Flora

Então invade em mim esse misto de novidades velhas. Esse mesmo pressuposto de enjôo e cansaço, essa preguiça de preguiça
Ares novos podem doer um pouco. Talvez não pela saudade dos velhos, mas pelo simples cansaço já impregnado.
Esse vazio de muitas coisas, essa plenitude de nada.
É, me falta algo. Que eu não sei o quê. Que eu insisto em preencher com coisas e coisas e coisas. E não consigo me preencher e não me preencho; por mim mesma, pra mim mesma.
Ontem era palomaris, Já fui rosa, ismália...
Hoje, quero o jardim todo pra mim
(09-02-2010)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Ah!

Que coisa, essa nova fase. Essa que estamos entrando e estamos caminhando, meu bem, em passos lentos, no campo minado, íngreme, mas prosseguimos caminhando. Rumo a algo que não sabemos o quê, porquê. Mas caminhamos, cantando, seguindo a canção. Canção bonita, canção louca que paira sobre nós.
Louca, mas madura. Esses passos nos direcionam a algo que, apesar de não sabermos o que, no fundo, sentimos. Sentimos um crescimento, uma maturidade; e, oras, sem medo, sem essa.
Vamos lá, caminhando. O mundo, a lua, está lá fora a nossa espera. A lua, que anda linda ultimamente (tens reparado, rapaz?)
Assim, deixa disso, caminho. Sozinha. E muito bem acompanhada, obrigada.

sábado, 8 de maio de 2010

Sobre os sobres...

Não gosto de sentir, de doer, de me apaixonar. Não gosto de ficar pensando em um alguém, de não ter as coisas no meu controle, eu não gosto. Não gosto de deixar de pensar somente em mim pra ter o peso (sim, peso) de pensar em outra pessoa. Eu não gosto. Mas essa sou eu.
Eu lido comigo, com o que gosto, com o que não gosto, com os meus gastos. Os meus gastos doidos, doídos.
Eu me jogo nesse nada. E não gosto. Mas me jogo.
Eu não quero esse nada. Mas estou nele. E talvez goste.
Gosto de não gostar, mas assim mesmo, não gosto.
E deixa isso pra lá.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Oras...

Não me importa se soa triste, feliz, ou seja lá o que isso pareça. Os sentimentos estão aí, despidos, desavergonhados, colocando a cara pra bater, pra me bater. Não sei se interessa como estou no momento. Sei sim, como sou, do abismo; me resta descobrir se no topo ou se me joguei dele.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Solta...

...Num vazio que ainda não veio.

Que espero e espero e espero.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Para estar...

...Basta-me ser.
Não necessariamente nessa ordem.

- Eu gosto é do estrago...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

É simples.

Não posso aturar comigo, nem posso fugir de mim...

sábado, 20 de março de 2010

Vazio, agudo.

E se antes eu gritava de dor, desespero, ansiedade, hoje, isso tornou-se um sussurro. Pequeno, ardido sussuro. Áquele que eu mal escuto mais. Ensurdecedor, mal o escuto. Só sinto.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Inconstante

Sei que as coisas precisam mudar de alguma forma. Talvez "precisar" não seja o termo certo. Sei que quero mudar as coisas de alguma forma.
Não sei pra onde, pra quando ou como. Também não faço a mínima ideia do que.
Essa vida aqui é tão bonita, esse samba que hoje me aquece, essa brisa que hoje me leva me faz tão bem. E, ainda assim, quero mudar. Sinto amor. Alegria. Intensidade. Nostalgia. Ainda assim, quero mudar. Mais ou menos não me importa.

Adestrei-me com o vento e minha festa é a tempestade...
Cecília Meireles

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Manuel Bandeira

Há muito meu coração está seco,
Há muito a tristeza do abandono,
A desolação das coisas práticas
Entrou em mim, me diminuindo.

Porém de repente será talvez a contemplação
De um céu noturno como mais belo não vi,
Com estrelas de um brilho incrível,
De uma pureza incalculável, incrível.

A poesia voltará de novo ao meu coração
Como a chuva caindo na terra queimada.
Como o sol clareando a tristeza das cidades,
Das ruas, dos quintais, dos tristes e dos doentes.
A poesia voltará de novo, a única solução para mim,
Única solução para o peso dos meus desenganos,
Depois de todas as soluções terem falhado:
O amor, os seguros, a água, a borracha.

A poesia voltará de novo, consoladora e boa,
Com uma frescura de mãos santas de virgem,
Com uma bondade de heroísmos terríveis,
Com uma violência de convicções inabaláveis.
Verei fugir todas as minhas amargas queixas de repente.
Tudo me parecerá de novo exato, sólido, reto,
A poesia restabelecerá em mim o equilíbrio perdido.
A poesia cairá em mim como um raio.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Bandeira, é carnaval.

O caso é que eu sinto sua falta. Sinto falta dos seus carinhos discretos, meio envergonhados, meio vacilantes. Sinto falta do seu abraço, daqueles que faziam um carinho na minha costela, que subia aquele arrepio na minha espinha... Sinto falta do seu cheiro, quando o vento bate e eu do seu lado conseguia sentir tão bem. Sinto falta daquele seu sorriso, aquele sorrisinho sem mostrar os dentes olhando pra mim, que eu sabia o que significava. Sinto falta até mesmo da nossa valsinha de quem não sabe dançar valsa.
Sinto falta da ansiedade de pensar que ia te ver. Das suas (raras, ok) palavras bonitas. Das nossas conversas eternas sobre o nada e o que o nada proporciona e o que o nada pode lhe causar e todas suas causas e conseqüências... Ah, como sinto falta do clima ameno, da intensidade das coisas, meio morna, meio fervendo.
Falta que dói. Porque percebo que talvez seja só isso. Falta. E que as esperanças se esvaem de vez e tome lugar algum outro sentimento que eu ainda não sei o quê.
Sinto tédio, nojo e ódio. Não peço salvação ou respostas. Estou cansada e ao mesmo tempo agitada, inquieta, precisando de mudanças. Senti a alegria do carnaval e a tristeza da desesperança. Um medo e um alívio pungente de saber que isso vai ter fim. E eu não quero que tenha um fim. E eu quero que tenha um fim.


Sinto sua falta.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Justamente

"Não tem muita diferença pra uma vida sempre igual.
Todo dia muda alguma coisa eu sou a mesma pessoa de algumas horas atrás.
Todo pensamento vem e vai, todo sentimento se desfaz
Quando a vida não tem e você não corre atrás.
O jornal me cala e o silêncio anula como o tempo que já ficou pra trás,um minuto a mais,agora tanto faz.
Preciso ir além dos dias
Preciso ir além (2x)
Me esforçar um pouco mais
Me esforçar um pouco mais
Preciso ir além dos dias
Preciso ir além"

Mombojó

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Por Maria de Queiroz.

Eu nunca fui uma moça bem-comportada.
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida,pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços.
Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo.Não estou aqui pra que gostem de mim.Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho.E pra seduzir somente o que me acrescenta.
Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venha com meios-termos,com mais ou menos ou qualquer coisa.Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Eu acredito é em suspiros,mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis,em alegrias explosivas, em olhares faiscantes,em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma,no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Frente...

Hoje, tudo mudou. É aquela situação, que, de repente você e dá conta que tudo mudou, completamente.
As nossas direções serão totalmente opostas. Nossas distâncias enormes, nossas opções, diferentes. Rumos escolhidos, sem egoísmo, por nós mesmas, e convenhamos, claro, nesse momento tem que ser assim.
Dói um pouquinho. Mas é aquela dor boa, de saudade. E se dói foi porque vocês fizeram com que meu ano passado valesse a pena. Foi porque se as coisas tiveram algum sentido (ou não) vocês estavam lá.Com a bronca na ponta da língua e a cerveja e o cigarro nas mãos.
E essa dorzinha, doída, acompanhada de lágrimas, é porque sei que o que tivemos não vamos ter mais. Mas, oras, era tão intenso. Talvez tivesse que ser assim e isso e pronto.
Vamos todas em frente. Com amor, aquele amor, aquela paixão, vontade, nossa, só nossa, o que sempre nos difere (we're on top).
Deixo com vocês meu amor, minha saudade.
Boa noite, dia, tarde. Boa sorte, meus amores.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Por Lya Luft

Lembro-me de ti
Nesse instante absoluto,
A vida conduzida por um fio de música.
Intenso e delicado, ele vai nos fechando num casulo
Onde tudo será permitido.

Se é isso que podemos ter,
Que seja forte. Que seja único.
Tão íntimo quanto ouvirmos a mesma melodia,
Tendo o mesmo - esplêndido - pensamento.


Vou dançar meu samba. Comigo mesma. E não espero (talvez não precise) de companhia. Ao luar, canto, danço, sinto meu samba. "Vou pra rua e bebo tempestade".

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Alvorada



Ao som dele que me diz tantas coisas. Ao clima da chuva, que me diz tantas coisas. Ao bode total, que me faz pensar em tantas coisas.
Vai chegar a noite. E a lua que me fará pensar em tantas coisas. E as coisas que me fazem sentir tantas coisas...
E as coisas, que oras, são tantas coisas.
E amanhece (amanheço) novamente.
Queixo-me ás rosas...
"Como me sinto? Como se colocassem dois olhos sobre uma mesa e dissessem a mim, a mim que sou cego: isso é aquilo que vê, essa é a matéria que vê. Toco os dois olhos sobre a mesa, lisos, tépidos ainda, arrancaram há pouco, gelatinosos, mas não vejo o ver. É assim que sinto, tentando materializar na narrativa a convulsão do meu espírito, e desbocado e cruel, manchado de tintas, essas pedras escuras do não saber dizer, tento amputado conhecer o passo, cego conhecer a luz, ausente de braços tento te abraçar."
Hilda Hilst.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Sobre o que é

Talvez, nesse misto meio paradoxal de dor e esperança, é que me agarro e me sustento e que eu não quero me soltar.
Não sei se a questão foi/é/será tempo. Não me atrevo a perguntar, mas talvez não importe, tempo é uma coisa tão vasta e nula; quem somos nós para explicarmos ou tentar entendê-lo?
Nesse misto de reciprocidade e rejeição, há tantas outras coisas, que, quisera eu, poder te dizer pra esquecer disso tudo e viver, me viver. Me lembrei da frase que me dissera, que na verdade é mais fácil do que imaginávamos. Queria poder muito te dizer isso agora.
De qualquer forma, meu bem, te espero na esquina de sempre.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Insônia

"Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir.
Espera-me uma insônia da largura dos astros.
E um bocejo inútil do comprimento do mundo.
Não durmo; não posso ler quando acordo de noite,
Não posso escrever quando acordo de noite,
Não posso pensar quando acordo de noite -
Meu deus, nem posso sonhar quando acordo de noite!
Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer!
Não durmo, jazo, cadáver acordado, sentindo,
E o meu sentimento é um pensamento vazio.
Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam
- Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que não me sucederam
- Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que não são nada
E até dessas me arrependo, me culpo, e não durmo.
Não tenho força para ter energia para acender um cigarro.
Fito a parede fronteira do quarto como se fosse o universo.
Lá fora há o silêncio dessa coisa toda.
Um grande silêncio apavorante noutra ocasião qualquer,
Noutra ocasião qualquer em que eu pudesse sentir.
Estou escrevendo versos realmente simpáticos -
Versos há dizer que não tenho nada que dizer,
Versos a teimar em dizer isso,
Versos, versos, versos, versos, versos...
Tantos versos...
E a verdade toda, e a vida toda fora deles e de mim!
Tenho sono, não durmo, sinto e não sei em que sentir.
Sou uma sensação sem pessoa correspondente,
Uma abstração de autoconsciência sem de quê,
Salvo o necessário para sentir consciência,
Salvo - sei lá salvo o quê...
Não durmo. Não durmo. Não durmo.
Que grande sono em toda cabeça e em cima dos olhos e na alma!
Que grande sono em tudo exceto no poder dormir!
Ó madrugadas, tardas tanto...Vem...
Vem, inutilmente,
Trazer-me outro dia igual a este, a ser seguido por outra noite igual a esta...
Vem trazer-me a alegria dessa esperança triste,
Porque sempre és alegre, e sempre trazes esperança,
Segundo a velha literatura das sensações.
Vem, traz a esperança, vem, traz a esperança.
O meu cansaço entra pelo colchão dentro.
Doem-me as costas de não estar deitado de lado.
Se estivesse deitado de lado doíam-me as costas de estar deitado de lado.
Vem, madrugada, chega!
Que horas são? Não sei.
Não tenho energia para estender uma mão para o relógio,
Não tenho energia para nada, para mais nada...
Só para estes versos, escritos no dia seguinte.
Sim, escritos no dia seguinte.
Todos os versos são sempre escritos no dia seguinte.
Noite absoluta, sossego absoluto, lá fora.
Paz em toda a natureza.
A Humanidade repousa e esquece as suas amarguras.
Exatamente.
A Humanidade esquece as suas alegrias e amarguras.
Costuma dizer-se isto.
A Humanidade esquece, sim, a Humanidade esquece,
Mas mesmo acordada a Humanidade esquece.
Exatamente. Mas não durmo."
Fernando Pessoa.
Definitivamente, só isso.

O mistério das coisas

"O mistério das coisas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as coisas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.

Porque o único sentido oculto das coisas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que o sonho de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as coisas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.

Sim, eis que os meus sentidos aprenderam sozinhos:
As coisas não tem significação: tem existência.
As coisas são o único sentido oculto das coisas."

Fernando Pessoa, claro.