domingo, 21 de fevereiro de 2010

Manuel Bandeira

Há muito meu coração está seco,
Há muito a tristeza do abandono,
A desolação das coisas práticas
Entrou em mim, me diminuindo.

Porém de repente será talvez a contemplação
De um céu noturno como mais belo não vi,
Com estrelas de um brilho incrível,
De uma pureza incalculável, incrível.

A poesia voltará de novo ao meu coração
Como a chuva caindo na terra queimada.
Como o sol clareando a tristeza das cidades,
Das ruas, dos quintais, dos tristes e dos doentes.
A poesia voltará de novo, a única solução para mim,
Única solução para o peso dos meus desenganos,
Depois de todas as soluções terem falhado:
O amor, os seguros, a água, a borracha.

A poesia voltará de novo, consoladora e boa,
Com uma frescura de mãos santas de virgem,
Com uma bondade de heroísmos terríveis,
Com uma violência de convicções inabaláveis.
Verei fugir todas as minhas amargas queixas de repente.
Tudo me parecerá de novo exato, sólido, reto,
A poesia restabelecerá em mim o equilíbrio perdido.
A poesia cairá em mim como um raio.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Bandeira, é carnaval.

O caso é que eu sinto sua falta. Sinto falta dos seus carinhos discretos, meio envergonhados, meio vacilantes. Sinto falta do seu abraço, daqueles que faziam um carinho na minha costela, que subia aquele arrepio na minha espinha... Sinto falta do seu cheiro, quando o vento bate e eu do seu lado conseguia sentir tão bem. Sinto falta daquele seu sorriso, aquele sorrisinho sem mostrar os dentes olhando pra mim, que eu sabia o que significava. Sinto falta até mesmo da nossa valsinha de quem não sabe dançar valsa.
Sinto falta da ansiedade de pensar que ia te ver. Das suas (raras, ok) palavras bonitas. Das nossas conversas eternas sobre o nada e o que o nada proporciona e o que o nada pode lhe causar e todas suas causas e conseqüências... Ah, como sinto falta do clima ameno, da intensidade das coisas, meio morna, meio fervendo.
Falta que dói. Porque percebo que talvez seja só isso. Falta. E que as esperanças se esvaem de vez e tome lugar algum outro sentimento que eu ainda não sei o quê.
Sinto tédio, nojo e ódio. Não peço salvação ou respostas. Estou cansada e ao mesmo tempo agitada, inquieta, precisando de mudanças. Senti a alegria do carnaval e a tristeza da desesperança. Um medo e um alívio pungente de saber que isso vai ter fim. E eu não quero que tenha um fim. E eu quero que tenha um fim.


Sinto sua falta.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Justamente

"Não tem muita diferença pra uma vida sempre igual.
Todo dia muda alguma coisa eu sou a mesma pessoa de algumas horas atrás.
Todo pensamento vem e vai, todo sentimento se desfaz
Quando a vida não tem e você não corre atrás.
O jornal me cala e o silêncio anula como o tempo que já ficou pra trás,um minuto a mais,agora tanto faz.
Preciso ir além dos dias
Preciso ir além (2x)
Me esforçar um pouco mais
Me esforçar um pouco mais
Preciso ir além dos dias
Preciso ir além"

Mombojó

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Por Maria de Queiroz.

Eu nunca fui uma moça bem-comportada.
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida,pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços.
Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo.Não estou aqui pra que gostem de mim.Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho.E pra seduzir somente o que me acrescenta.
Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venha com meios-termos,com mais ou menos ou qualquer coisa.Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Eu acredito é em suspiros,mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis,em alegrias explosivas, em olhares faiscantes,em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma,no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Frente...

Hoje, tudo mudou. É aquela situação, que, de repente você e dá conta que tudo mudou, completamente.
As nossas direções serão totalmente opostas. Nossas distâncias enormes, nossas opções, diferentes. Rumos escolhidos, sem egoísmo, por nós mesmas, e convenhamos, claro, nesse momento tem que ser assim.
Dói um pouquinho. Mas é aquela dor boa, de saudade. E se dói foi porque vocês fizeram com que meu ano passado valesse a pena. Foi porque se as coisas tiveram algum sentido (ou não) vocês estavam lá.Com a bronca na ponta da língua e a cerveja e o cigarro nas mãos.
E essa dorzinha, doída, acompanhada de lágrimas, é porque sei que o que tivemos não vamos ter mais. Mas, oras, era tão intenso. Talvez tivesse que ser assim e isso e pronto.
Vamos todas em frente. Com amor, aquele amor, aquela paixão, vontade, nossa, só nossa, o que sempre nos difere (we're on top).
Deixo com vocês meu amor, minha saudade.
Boa noite, dia, tarde. Boa sorte, meus amores.