domingo, 24 de fevereiro de 2008

Devaneios.

Acordei. Talvez tenha acordado para parar de pensar naquilo que se impregna sobre mim enquanto durmo... Pensamento? Talvez tenha acordado pra fugir daquilo que me é determinado e previsto. Fuga? Acordei para fugir dessa poeira cósmica que me cega. Misticismo? Acordo para evitar ter que me curvar a mais uma obediência hipócrita, acordo.
Acordo do pleno vácuo, do vazio obscuro, da insatisfatória e repleta vida. Da plena felicidade, da ilusória paixão, acordo. Me perco novamente num vago lapso de determinação, tentando talvez sonhar, sonhar com o fato de estar acordada. As perguntas são sinceras, as recíprocas não são verdadeiras. Dormir não é sonhar?Acordar não é a realidade?Por que desejo tanto acordar?
O coração se mantém ritmado, as pálpebras latejantes, a respiração amena. E o que importa?Já estou acordada novamente.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Fundo...

A profundidade...As vezes me deparo com ela, mas só o que desejo é subir, subir até onde posso, o mais longe possível dela. Talvez nem subir até onde eu possa, mas subir até onde eu quero (sinta a tênue e gigantesca diferença entre as palavras).
As vezes na subida, a profundidade parece cada vez mais forte e com um pólo que cada vez mais me atrai para o fundo...Fundo, até onde será que ele vai?Quanto mais eu sinto que estou próxima dele, mas ele consegue ser mais fundo, mais límpido e silencioso. O fundo é como um limbo, perdido no meio, perdido no tempo, perdido no vazio de você mesmo e de outras pessoas. Quem sabe o que eu quero mesmo é me perder, me jogar no limbo, me soltar do imposto, obedecer a gravidade e ir fundo, fundo, fundo, fundo...Até onde eu possa descer, até onde eu quero descer, até onde eu quero ficar.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O que?

Tô cansada; sangrando, morrendo; estou blefando.
Blefo por desespero. Blefo um alarde na esperança ínfima de alguém escutar. Um blefe sonhador, um blefe quase esperançoso; blefo na tentativa de voltar acreditar. Acreditar talvez nos outros, talvez em mim mesma, talvez nos meus blefes.
A chuva cai pela janela, em diagonal, numa velocidade exorbitante, as nuvens já não conseguem acompanhar os jorros d'água que insistem em sair. Do lado de dentro, a observadora da chuva, luta contra si mesma para manter seu cérebro em ativa. na tentativa de acompanhar os jorros de idéia, que surgem em diagonal, vertical e horizontal; a observadora já não quer mais saber, quer correr com a chuva, contra a chuva, para a chuva; a observadora quer chuva, quer nuvem; quer ver o blefe funcionar.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Caminhando.

Vagando por antigos textos e reflexões, me deparo com uma revelação sobre mim mesma; estou sempre caminhando.
Com ou sem rumo, aventuras, ventos ou vendavais, a vida sempre me leva a enfrentar um caminho, um devaneio, algo que me faça simplesmente andar sem parar pra pensar nas coisas; talvez este seja o problema; a falta de pensamento me faz atropelar os sentidos e a lógica, porém o excesso do mesmo me trava, me para no meio do caminho e o que era pra ser trilhado acaba tornando-se somente mais um projeto futuro.
Provavelmente eu posso estar tentando interromper um processo cíclico da vida ou somente querendo mudar meu jeito de ser, o que importa é que algo precisa ser mudado; ou ajo ou paro, ou tento ou fujo; talvez Caeiro tenha razão ao dizer que a eterna inocência é não pensar.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Pausa para pausa.

Abro meus olhos já fadigados da desesperança do dia que me espera. Sento na cama olho a minha volta a mesmice de tudo e me vêm a cabeça que essa mesmice não se encontra somente nos móveis já desgastados e encaixados em derterminados locais, mas no meu dia a dia.
Vou para a pia e me olho para o espelho com a esperança de ver alguém novo, alguém que eu nunca tenha visto antes. Lavo meu rosto na esperança de desaparecer as marcas do cansaço e do ódio implícito de mais um dia igual. Escovo os dentes, tentando tirar de mim palavras grudadas internamente que querem gritar, gritar por algo que já nem se sabe mais.
Resolvo andar um pouco mais do que costumo; estava chovendo, talvez a água que cai do céu quebrasse um pouco o clima ameno que se mantinha São Paulo e mim mesma. A chuva é fina, e o vento passa ardendo como cortes; talvez uma tentativa de aviso que as coisas conseguem ser piores.
Vou para o colégio e me deparo com o previsto, tenho o previsto, estudo o previsto, dou risada do previsto, fico cansada do previsto, como era de se esperar.
Chego em casa, deito em minha cama na tentativa vã de me livrar da couraça ociosa que se impregna sobre mim; nada.
Tudo é vão, tudo é ócio, tudo é tédio. Cadê a minha rosa do asfalto?