quarta-feira, 20 de maio de 2009

Confissão

Forjo. Forjo tudo. Alegria, euforia, embriaguez. Forjo. Forjo tudo. Meu espírito livre, meu coração aberto, meu coração sem amor. Eu forjo tudo. Eu tenho medo de tudo. Tenho medo de me assumir, como sou, como as coisas são. Me sinto só e forjo. Forjo e aceito as coisas como são. Forçadas, doídas, incompreensíveis (talvez intencionalmente), forjadas.
Sinto como uma atriz na minha pele real. Na minha vida real. Vida forjada, que já não se consegue mais destinguir a película artificial, de uma alma já desgastada.
Canso de sentir. Fico louca com a minha carência, com as minhas alucinações dementes que não chegam a lugar nenhum.
Não, eu não sou auto-suficiente, não me sinto bem e completa sozinha, não sou a música alta da balada. Sou o violão chorado da bossa nova, do ritmo pesado, da solidão pulsante.
Chora pra mim, olha nos meus olhos, fala que quer ficar. Sente o que eu tô sentindo (talvez não só por você). Vive o que eu tô vivendo, entenda minha confusão, sente quanto coração. Sente quanta solidão. Sente.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Geração

Não se trata de uma geração saúde, repleta de perspectivas visionárias. Não.
Não se trata de uma geração preocupada com o futuro distante, sequer preocupada com o futuro próximo. Não se trata de uma geração sóbria, uma geração límpida, livre das armas de alienação.
Não se trata de uma geração que condena, uma geração alarmante.
Tratamos de uma geração revolucionária comodista, desesperada por algo, que nem sequer sabe o que é. Trata-se de uma aflição interna, um grito mudo de socorro, uma preocupação ausente presente na cabeça e no coração. Trata-se da necessidade de algo abstrato demais para se materializar. Um vácuo incômodo, lateijante que insiste em preencher cabeças ainda mais vazias, que então enfim se sentem na necessidade de distrair por algo, algo, qualquer coisa que a tire dessa realidade suja, essa realidade icógnita que a cerca. E no fim, tudo acaba, infelizmente fazendo sentido. Pra que pensar mais, pra que sentir mais, pra que revogar mais. As respostas estão todas ali, no trago, no copo, na música. As respostas estão todas aqui.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ai se pudesse...

Queria poder voltar a sentir, tudo aquilo que sentia outrora.
Sem um endereço, sem um rumo. Talvez o rumo seja eu mesma. Mas queria.
Queria poder sentir todo aquele amor devasso, aquela paixão, aquela vontade de não ter dia seguinte (e o que importava o dia seguinte?). Queria até ter coragem de sentir toda dor, toda aquela dor, doída, mas ah, dor amada. Dor de ser amada. Dor de amar. Amar a vida, amar aos outros.
Quero de volta meus sentimentos. Maturados, perdidos, traumatizados. Os quero de volta. Quero de volta todo amor perdido, toda alma esvanecida, todas as lágrimas roladas, todas as crises de desequilíbrio, todos os cigarros consumidos pelo desespero, os quero. Quero meu direito de viver com sentimento. Quero meu direito de viver novamente; pra quem eu solicito?

sábado, 9 de maio de 2009

Lista (in)útil

Trago comigo sentimentos. Dos belos, dos puros, dos putos. Sentimentos.
Sentimentos esses, doídos, felizes, doídos e felizes. Confusos.
E as palavras já não me são suficientes pra definir, completar, sufocar o que trago aqui. O que trago aqui comigo.
Dor, amor, vácuo, limbo, brumo. Estreito, vasto, miúdo, raso.
A bagagem é grande. A bagagem é volumosa, a bagagem é insuportavelmente pesada. Bagagem que trago comigo.
A música muda, o que trago comigo também. O dia muda, o que trago comigo também. O tempo muda, e adivinha só?
Bagagem. Moldável, instável, maluca. Uma vida só de sentimentos. Só de bagagens.
"Maybe that's how it always has to be" Descendents.