quinta-feira, 22 de julho de 2010

Impulso...

Que vontade de escrever um romance! Daqueles bem piegas, bem clichês, que o mocinho agarra a mocinha por trás e eles tornam-se felizes para sempre, arrancando lágrimas do público. Vontade de escrever um romance, daqueles que o mocinho se arrepende da decisão que faz (seja ela partir, não querer, trair) e vem correndo buscar a amada que está prestes a partir desesperançosa. Vontade louca de pôr no papel uma dessas novelas na qual o início é premeditado, o meio é angustiante e o fim é o mais clichê possível (até onde podemos ver).
Um romance de tirar o fôlego, com direito a todas as lágrimas e sorrisos que um folhetim pode arrancar.
A menina não ia ser necessariamente insegura e frágil (deixo o clichê para a história, inovaremos nesse caso um pouco os personagens). A menina podia ser orgulhosa. Mais segura de si. Pelo menos os que as outras pessoas pensam dela. Ela podia beber bastante, fumar bastante, fazer tudo em níveis "bastante" (um toque de Caio F.).
O rapaz podia ser um grandissíssimo filho da puta. Bebe e fuma tanto quanto ela, está por aí e sua vontade é sair dali, apesar que, sabe que algo o prende àquela moça tão sem noção alguma de nada. Tinha lá seus traumas e problemas doidos (assim como no caso dela, ela não seria o seu primeiro amor); mas estava ali, vivendo, o que achava que era feliz. Um filho da puta de primeira.
O casal começaria sendo um casal, logo tornariam-se um não-casal. Depois fases e mais fases alternando a sua situação, mas sempre com o amor ali. Conflitos psicológicos de ambas as partes (diferindo aí, mais uma vez de alguns romances, em que o impecilho são os vilões que querem separar o casal feliz; aqui os vilões são suas próprias cabeças), os levariam a tufões de ideias que os repeliam e ao mesmo tempo os atraíam de forma pungente.
E o tempo foi passando com uma intensidade tão grande que ao fechar os olhos, a moça acredita que foi mais tempo e mais dor do que ela realmente passou (ou acredita ter passado, dor e amor são tão fusíveis).
E aí entraria o clímax (só o primeiro de muitos outros, que provavelmente me daria preguiça de escrever um romance prolongado), em que deve se haver um tudo ou nada, um ultimato (aqui os vilões, no caso, estariam dando uma risada maligna e a trilha sonora seria uma música de suspense, não um suspense-tarantino-carneficina, mas qualquer outra musiquinha de suspense por aí). Neste intante, os leitores fixariam os olhos na trama, aflitos; uns torceriam por ela, outros por ele, outros iriam querer muito que os dois ficassem juntos, alguns outros acreditariam que eles ficariam melhor um de cada lado e deixar essa relação-não-relação de lado. As expectativas ficariam altas e alguns leitores mais ansiosos chegariam até a pular algumas páginas pra conseguir ver o fim da história (bom seria se pudéssemos fazer isso na vida).
Até aí, até então, eu pensei que o final ia ser como o descrito no início do texto, com o fim piegas, com uma música bem gracinha do tipo "não-vivo-sem-você" e essas coisas.
Mas não vou terminar nada.
Fica aqui minha reticências e como trilha sonora algo do gênero los hermanos, pra variar um pouco.
Fim.

3 comentários:

Iza disse...

Quando eu tento resolver algo de todas as formas e tudo se põe contra, eu largo mão.
Me enche o saco o chove-não-molha de romances e romances-não-romances.


Não que eu não volte depois.... :S

Nosurprises disse...

Esse romance bateu fundo e dolorido em algum lugar em mim.
Ãi, tá doendo,acho que não me caiu bem...
Adorei.

hannah levy disse...

é tão bom morrer de amor e continuar vivendo