quinta-feira, 24 de abril de 2008

Ansiosa pelo(s) fim(ns) da(s) estação(ões)

Cheguei mais cedo hoje. Novamente me cansei. Cansei do tédio, do ódio, da mesmice.
Cheguei mais cedo pra tentar fugir do que prevalece sobre o meu cotidiano; o nada. Tentei fugir de mim mesma, e ainda assim não consegui.
Cheguei mais cedo pra tentar me esconder das palavras "competição", "vitória", ou frases como "seja melhor que os outros" e "se supere" que ecoam na minha cabeça cansada, fisicamente, psicologicamente, cansada de mim. Tento fingir que não sei o que sinto, tento me esconder por trás de obrigações que nem eu mesma sei a utilidade (ou sei que não as tem); e no final eu só quero que tudo se exploda e que não sobre pedaço de nada, de ninguém; ou melhor ainda, nenhum pedaço de mim.
Cheguei mais cedo hoje pra poder chorar, me livrar da pressão pública, da pressão dos que eu não conheço, das pressão dos que me querem bem, da minha própria pressão.
Cheguei mais cedo pra tentar me deparar comigo mesma, me descobrir, me analisar; me auto-flagelar.
Cheguei mais cedo e agora seco minhas lágrimas que saem revoltosas, de olhos trêmulos que já não ligam muito mais para o que está escrevendo e nem para os sentimentos dos leitores.
Hoje eu cheguei mais cedo sim, mas talvez tarde demais.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Sem Censura.

É complicado. Complicadíssimo, eu diria, chega a ser impossível a descrição; como dói presenciar coisas acontecendo a sua frente e você totalmente aquém de todas elas. Talvez não porque você queira, mas porque o novo te assusta; o que me irrita na mesmice, me teme no novo.
Não quero saber de novidades, mas não quero me permanecer ultrapassada, longe delas.
Tô cansada de tanta hipocrisia, tanta necessidade de novidades, tanta sede de mudanças; não. Não estou com saco pra mudanças, não sei se as quero agora, não tenho tempo pra pensar nisso. Culpa?Enorme, um peso que chega a doer no coração(quem dera a dor fosse física). Mas a dor é necessária as vezes, dói, bate, machuca, mas é agora.
A maior surpresa que posso possuir no meu cotidiano é um tênis fora do lugar, ou um jantar que saiu fora de hora; vida.
A instabilidade não é um consolo para mim; quero-a longe de mim, não preciso de coisas instáveis agora, não quero surpresas, porque simplesmente não quero sentir. Quero ficar longe de mim por um tempo, livre de surpresas, sentimentos e mudanças.
Sai a alma, entra o corpo; começa mais um dia.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Os olhos de quem olha.

Se eu sei o que acontece em minha volta?Mal sei o que sentir ou o que pensar quando olho pras coisas, quanto mais saber o que acontece nelas.
A velocidade em que acontecem as coisas, em que o tempo passa, em que você o perde, é desesperadoramente e avassaladoramente rápido. E o que te sobra quando você não alcança?O que te sobra quando o que te resta é esperar mais um tempo pra conseguir acompanhá-lo?Vazio.
O meu vazio é tipo raso, tipo profundo, tipo uma imensidão de nada. O medo de me afogar é enorme; afogar na minha própria imensidão.
Silenciosa, límpida; vazio, grande vazio. Quero não me perder a esmo, se for pra perder, te que ter motivo (o de ter lutado). A perda de mim, o desprendimento dos outros, das coisas; é tudo conseqüência. As idéias não estão claras, mas quem se importa?O vazio é mesmo desconexo, contraditório; o vazio e vazio, não tem conseqüências...Quem precisa de conseqüências?Não há
um primeiro ato para a conseqüência...Não há recíprocas para a resposta, pois não há respostas e nem sequer perguntas.
Me pego na tentativa vã de desvendar o significado da palavra esperança; talvez ao tentar desvendar, tudo o que eu quero é tê-la. Mas o vazio não tem e não dá esperança. Porra, cadê todo o lirismo clichê de que quem acredita consegue, de que se deve persistir. Persistir no que?Acreditar no que?Conseguir o que?Tudo, tudo vazio.
Apagado...Quem apagou?Não há culpados para a culpa, criminosos para o crime; cacete, tudo é vão e assustadoramente são. Preciso de insanidade; quero o copo meio cheio.