Abro meus olhos já fadigados da desesperança do dia que me espera. Sento na cama olho a minha volta a mesmice de tudo e me vêm a cabeça que essa mesmice não se encontra somente nos móveis já desgastados e encaixados em derterminados locais, mas no meu dia a dia.
Vou para a pia e me olho para o espelho com a esperança de ver alguém novo, alguém que eu nunca tenha visto antes. Lavo meu rosto na esperança de desaparecer as marcas do cansaço e do ódio implícito de mais um dia igual. Escovo os dentes, tentando tirar de mim palavras grudadas internamente que querem gritar, gritar por algo que já nem se sabe mais.
Resolvo andar um pouco mais do que costumo; estava chovendo, talvez a água que cai do céu quebrasse um pouco o clima ameno que se mantinha São Paulo e mim mesma. A chuva é fina, e o vento passa ardendo como cortes; talvez uma tentativa de aviso que as coisas conseguem ser piores.
Vou para o colégio e me deparo com o previsto, tenho o previsto, estudo o previsto, dou risada do previsto, fico cansada do previsto, como era de se esperar.
Chego em casa, deito em minha cama na tentativa vã de me livrar da couraça ociosa que se impregna sobre mim; nada.
Tudo é vão, tudo é ócio, tudo é tédio. Cadê a minha rosa do asfalto?
3 comentários:
Eu entrei em parafuso com esse texto. Eu gosto de todos, eu amo todos, eu li todos(até os não-publicados, uma das vantagens de se namorar a autora). Mas esse tem algo diferente. Você fez algo diferente aqui. Parece que a Renata amadureceu, tanto a pessoa como a escritora. Esse texto é bom. Esperarei mais de você agora, porque agora eu sei que você é capaz.
Beijos, Fê.
PS: Você sabe que eu não consigo fazer esses cadastramentos na internet, então eu to usando a conta do meu irmão. Não que ele saiba, é claro.
Caramba, uma das melhores coisas que li nos últimos tempos...A forma como vc se utiliza de palavras simples, coisas do cotidiano pra se expressar é fascinante...
Tenho que concordar com teu namorado, esse texto tem algo diferente...rs
E é, estamos todos procurando por nossas rosas no asfalto...quem sabe um dia!
Lendo esse texto me peguei pensando: pq as coisas tem sempre que ser iguais?
uma divagação involuntária: o mundo nos torna assim, ou tornamos o mundo assim? (momentos diferentes, interpretações diferentes dessa mesma frase)
As rosas estão sempre por aí, ainda que escondidas... acho que o maior problema é que não conseguimos diferenciar o cinza do asfalto das outras cores Oo
E realmente, parabéns pelo texto
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