segunda-feira, 27 de julho de 2009

Ciclo

E assim eu me jogo. E me derreto e sonho. E caio do abismo de novo. E choro de novo e sinto de novo. Depois me levanto, e estou pronta pra me jogar novamente.
Assim acontece, porque tenho algo em meu peito que insiste em bater. Bater forte, acelerado. Que controla minha mente, revira meu estômago, me faz parar de respirar. Me faz implorar por mais tragos de tudo.
Insiste em me controlar, insiste em me cegar, insiste em me fazer sonhar, esperar.
Dói, sente. A alegria é de um dia, a alegria é um momento, mas aquele momento rege todo o resto.
E sofro.
E sonho.
E me jogo de novo.
E o coração está aqui. O coração está em mim, o coração sou eu. Bate, sente, sonha. Se entrega.
Entregue-se.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Por entre paralelos...

Estávamos lá. Eu e você. No mundo paralelo. Dividimos cervejas, cigarros, besteiras. Estávamos lá, dividindo. Não havia eu, você; havia nós.
Nós. Acho uma palavra bonita. Nós. Soa como um conjunto. Não como um eu + você. Não naquele momento.
E ali ficamos. Nós ficamos. Olhando estrelas que se mexiam (na minha cabeça de esquizofrenia), olhando estrelas que não existiam e a luz escrota do poste que insiste em piscar.
Estávamos ali. Olhares de quem se engana, olhares de quem não sabe o que fazer; eram só olhares. Olhares e risos. Loucuras. Mas era nós. E alí estávamos. E ali permanecemos. Permanecemos uma eternidade de tempo pequeno. Eterno, terno.
No mundo paralelo não existe tempo. Não existe meu, seu. Era nós, era nosso.
Gostei, gostoso. Gosto.

Sobre nós (eu e eu)

Nós amamos, nós sentimos, nós doemos, nós gozamos; nós gostamos. Nos gostamos. Nos amamos, e sabe, estamos juntos sempre. Não quero nos separar. Acho que já não podemos nos separar. Criamos um vínculos, nós, eu e eu.
Somos doentios, sentimos dores profundas, existenciais, que só nós sentimos. Nós de todos.
E nós, minha cara, não sabemos mais o que fazer para nos manter de pé. Então mentimos, bebemos, rimos, no tempo que temos. O grande tempo que temos e que ainda teremos.
Vivemos, então, vivemos enfim. Vivemos nós, na nossa dupla imbatível, na nossa dupla de ondas, na nossa dupla desiquilibrada.
Doemos. E sei que poderíamos nos amar. Mas não nos amamos. Somos mais do que isso. Somos eu e você. Você e eu. Nós.

sábado, 18 de julho de 2009

De repente, em um repente...

Tudo tinha se dissipado. Doído, sofrido, o tempo não passava, mas enfim, o vento levou. Deixou seu cheiro, deixou seu toque, seu carinho. Mas você finalmente tinha ido.
De repente, você reaparece. Com aquele jeito, com aquela risada, com aquele toque. Aquele toque que só você sabe tocar, aquela sua respiração ofegante, única.
Conversamos, choramos; sabemos. Sabemos de tudo, da dor, do sofrer. E continuamos. Porque o amor não olha pra essas coisas.
E repentinamente seus acordes se transformam em poesia para os meus ouvidos. Lírica para o meu coração. E podia parar o mundo, parar o tempo para ficar ali, te olhando tocar violão por mais horas e horas e cervejas e mais horas.
O cigarro não é o suficiente pra me relaxar. O equilíbrio não existe mais, nunca existiu. Que equilíbrio? Você estava ali pra me desequilibrar, você está aqui pra me desequilibrar, você sempre esteve aqui pra tirar meu pé do chão.
Lembro-me de novo do seu toque, do meu coração parando, das lágrimas que insistiram em sair. E o que fazer pra isso parar? O que fazer pra continuar vivendo com o coração parado?
O amor já não explica o sofrimento, o amor já não consegue explicar o cinzeiro repleto, o copo cheio, a música melancólica, tanto sentimento. O amor já não aguenta mais. O meu amor já não aguenta mais. O que fazemos? Construímos esse mundo paralelo, onde o tempo não tem importância sem nos preocuparmos com a dor que isso nos traz.
Você me disse que não aguenta mais. Eu não aguento mais. Destruo nosso mundo. Destruo nosso amor. E respiro. Me respeitando, te respeitando, enfim.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Elas.

É nos goles de cerveja, que descem macio, que descem amargo, que descem chorados. É nas saídas agitadas, as saídas pro rock, as saídas da madrugada, as saídas matinais, as saídas pra se olharem. Elas estão sempre ali.
É pra falar no telefone horas, é pra falar no telefone segundos, é pra falar no telefone pra ouvir a voz. Eu preciso da voz delas.
É se encontrar pra conversar, é se encontrar pra ouvir música, é se encontrar pra sentir a límpida nicotina entrando na alma; é se encontrar pra olhar. Eu preciso enxergá-las.
Eu preciso do contato diário, freqüente, doente. Preciso delas.
Preciso delas, meu coração precisa delas, meu ouvido precisa delas. Vocês são lindas. Vocês não são parte da minha vida, mas são minha vida. E crescem, crescem no meu coração, crescem no meu sentimento.
Solidão é uma palavra dura. E vocês já estão em mim a ponto de eu sentir solidão com vocês. Consigo me sentir sozinha com vocês, porque vocês já estão em mim. Consigo permanecer em silêncio, sabendo que vocês estão ali, vocês estão comigo. Mesmo não estando comigo.
Sofro de abstinência, sofro de amor, sofro de fofura. Sofro com elas, sofro sem elas. Sofro por elas.
Elas sou eu.