segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Ópio

É inexplicável... O arrepio surge do comecinho da barriga e parece que até o seu último fio de cabelo, aquele mais ajeitadinho, fica de pé...
Você olha o relógio em tempos absurdamente periódicos, e, ele não passa...Não, o maldito do tempo não passa!
Você começa a ficar meio encabulada, perguntando se todos tomaram a decisão certa, se o que foi feito vai dar certo, se é a tática ideal... O jeito pra controlar a ansiedade é discutir e minimizar sobre ela.
Aí a coisa começa... A garganta não é suficiente pra suprir a emoção...As mãos, os pés, as almofadas da casa, os copos do buteco, tudo cria vida e se exalta por si só; parece que o mundo para naquele instante e nada mais que aquele problema te importa agora (vai, um segundinho de distração não mata ninguém, né?)
Até... Que o gol vem!! Aquela gritaria, aqueles pulos, aquela provocação que insiste em sair, aqueles palavrões de baixaria, que você mal sabe o que significa dão por sair na sua boca sem fim.
Acaba o jogo. Seu time (o meu, palmeiras) ganha a partida. Os olhos brilham, querem deixar cair lágrimas, mas o seu orgulho (e o meu lado feminino/macho) não me deixam chorar, afinal "caralho, aqui é verdão, porra!"... Mas eu sei, eu sei o que um jogo de futebol significa pra mim. A emoção que ele me traz... Da torcida, da bandeira, de sentimentos unidos por um só objetivo... Só quem gosta de futebol pra saber... Ou não; só quem se emociona por algo de verdade pra saber; o futebol é o ópio do povo. Mais do que isso; a alegria e emoção é o ópio do povo... E ela vem num objeto redondo, pintado, num gramado límpido verde, encerrado pelo apito do juíz.

Um comentário:

Alice Agnelli disse...

e eu me sinto tão menos brasileira por só conseguir sentir um pouco disso durante a copa (se bem que agora nem mais disso, dá pra se sentir!).

sabe, sorte que existem outras formas de se dar um nó na garganta, uma ansiedade no estômago, um palavrão na boca e um abraço cheio de pulos no final!

-não que seja igual ao futebol..