Tenho que fazer um trabalho sobre religiosidade. Curiosamente (ou não), me deparo com a seguinte definição: A religiosidade é uma qualidade do indivíduo que é caracterizada pela disposição ou tendência do mesmo; oras, é possível descrever a religiosidade? É possível, através de palavras, coisa tão material, definir o que se encontra dentro de mim? Hoje em dia a frieza é tanta que somos capazes de definir sentimentos com símbolos ortográficos?
Não desmereço as palavras. De modo algum, sou sua grande seguidora. Desmereço definir o indefinível. O quão absurdo é definir o que está dentro de ti? Como relatar um sentimento tão indescritível como o de sentir a religiosidade? Como tornar o ápice dos seus sentimentos uma folha cheia de escritos? Será o sentimento hoje sintetizado por papel, caneta e/ou pior, blogs?
Sou atéia. Convicta. Me prendo ao ceticismo até o último fio de cabelo. Mas sou religiosa. Dentro de mim, da minha intensidade, dos meus sentimentos, sou extremamente religiosa. Sinto os momentos com o perigo de ser o último, sinto o sabor gelado do sorvete como um prazer ímpar, ouço e leio á grande sabedorias com a sede de aprender de uma criança; sinto prazer pelo prazer e por prazer.
Gosto de refletir sobre as coisas, mas julgo-me vã ao tentar definí-las. Definir é limitar. E limitar um sentimento, definitivamente não faz parte da religiosidade. E nem de mim.
2 comentários:
gostei bastante deste texto, principalmente do final. (é um talento seu, acabar os textos com impacto. Eu tento, mas não consigo)
"Não desmereço as palavras. De modo algum, sou sua grande seguidora."
e é mesmo!
tinha lido alguns posts seus, e cada vez mais me impressiono com a maneira como vc consegue tratar de uma forma tão simples coisas tão complexas e coisas tão complexas de uma forma tão simples.
(e, pra mim, vc não só acaba, mas começa e desenvolve o texto com impacto.)
parabéns!
;)
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