segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Imóvel, como eu.

As paredes têm a cor e a textura de cansaço. O cheiro em volta é da fumaça tragada, destragada, desgraçada.
Os escritos desesperados no armário são assim, livres. Escritos em preto. Preto de luto. Por vezes trêmula, por vezes firme.
A janela, mostra o dia que insiste em nascer novamente. As grades de alumínio podem forjar uma noite eterna, mas a fresta de Sol está sempre lá.
A cama bagunçada tece a agitação do sono que não vêm, do sonho que não passa, do tédio que não cessa.
No armário, os livros que li, as emoções que um dia penso em viver, as tragédias que já me fizeram sofrer, os romances que já me fizeram sorrir.
Na escrivaninha, caixa de recordações, feita de madeira e lágrimas. Grifos de estudos que me formam, ou que deveriam me formar pra alguma coisa, pra alguma forma.
TV sempre ligada. Sempre desligada, tanto faz.
A porta pra sair daqui vêm logo ao lado.

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