domingo, 26 de junho de 2011

Parto

Já faz alguns anos que insaciavelmente busco pontos de fuga, para tentar livrar de mim um peso, uma dor incrustada, absurda que fica alojada dentro de mim.
Engulo muitas coisas pra tentar afogar sabe-se-lá-o-quê, que me atormenta tanto, que não me deixa respirar.
Papel e caneta (tanto pro desabafo vazio, como pra receita médica, que insiste em sabotar tamanha obscuridade), não são mais capazes de entender, porquê já não consigo me entender; a dor me apossou por inteira.
Essa dorse disfarça ora de desilusão, ora de cansaço, ora falta, ora carência, perdas. as sua essência, seu sintoma, sua imponência perante minha felicidade é sempre a mesma. O coração apertado, aflito, querendo ser preenchido, e que não preenche, não consegue se preencher.
Aos 20 anos, caio no clichê da indiferença perante a morte externa, porque a interna já está aqui. Ou talvez nunca tenho nascido de fato.

Vontade de morte, por não conseguir nascer.

Um comentário:

Fontes disse...

Você usa muitas palavras fortes, sempre. Economizar algumas pode fazer as que sobrarem mais impactantes.

Você escreve morte. Eu sempre leio caos.