quinta-feira, 30 de junho de 2011

Partida

Eu digo "eu estou indo". Há toda hora, toda instante "eu estou indo".
Falo chorando, gritando, penso. As vezes balbucio. Quem sabe, junto de um sorriso amarelo, mas "eu estou indo" está sempre lá. Com a impressão de tanto-faz.
E o tempo passa e isso fica aqui, engasgado, a partida que não se parte.
Se eu for, é pra não voltar.

Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde.
se nada no mundo é bonito,
e nada no mundo tem sentido,
eu olho pra janela e desacredito.

domingo, 26 de junho de 2011

Parto

Já faz alguns anos que insaciavelmente busco pontos de fuga, para tentar livrar de mim um peso, uma dor incrustada, absurda que fica alojada dentro de mim.
Engulo muitas coisas pra tentar afogar sabe-se-lá-o-quê, que me atormenta tanto, que não me deixa respirar.
Papel e caneta (tanto pro desabafo vazio, como pra receita médica, que insiste em sabotar tamanha obscuridade), não são mais capazes de entender, porquê já não consigo me entender; a dor me apossou por inteira.
Essa dorse disfarça ora de desilusão, ora de cansaço, ora falta, ora carência, perdas. as sua essência, seu sintoma, sua imponência perante minha felicidade é sempre a mesma. O coração apertado, aflito, querendo ser preenchido, e que não preenche, não consegue se preencher.
Aos 20 anos, caio no clichê da indiferença perante a morte externa, porque a interna já está aqui. Ou talvez nunca tenho nascido de fato.

Vontade de morte, por não conseguir nascer.

sábado, 25 de junho de 2011

Quase rotina

Enquanto dura o baixo astral, perco tudo. As coisas caem dos meus bolsos e da minha memória: perco chaves, canetas, dinheiro, documentos, nomes, caras, palavras. As vezes a depressão demora em ir embora e eu ando de perda em perda, perco o que encontro, não encontro o que busco, e sinto medo de que numa dessas distrações acabe deixando a vida cair.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Quarentena

Tento tirar de mim todos os fantasmas impregnados nessa pequena vida (não) vivida.
Custa a passar, custa a doer, custa a sentir. Dói relembrar vendavais e tirar o véu de verdades encobertas pelo comodismo ou a não honestidade comigo mesma.
O mundo vai sendo descascado temerosamente e a cicatrização é longa e latente.


"Em cada vida, em cada coração, um dia - por vezes com a duração de um instante - ressoa a dor do mundo. E o homem fica justificado."

terça-feira, 21 de junho de 2011

cansei

domingo, 19 de junho de 2011

Só é de seu tempo...

De Cuba adiante, alguns outros países também iniciaram por diferentes vias e meios a experiência de tentativa de mudança: a perpetuação da atual ordem de coisas é a perpetuação do crime.
Os fantasmas de todas as revoluções estranguladas ou traídas, ao longo da torturada história latino-americana, ressurgem nas novas experiências, assim como os tempos presentes tinham sido pressentidos e engatilhados pelas contradições do passado. A história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi, e contra o que foi, anuncia o que será...

sábado, 18 de junho de 2011

sábado, 11 de junho de 2011

As vezes é com um soco, um empurrão, um grito, simples sussurro ou um dia ruim.
Faz tudo mudar.

domingo, 5 de junho de 2011

poderia (ou só posso)
morrer
com a certeza
de que o amor
existe.