Eu prefiro os olhos bem fechados

Taxista

Agradeço a honra

Do passeio 

Pago

Ouvindo Ermínia e Paulinho

Falando de Portela, Mangueira.

Falando de paixão 

Nessa madrugada bêbada,

Morna

E sem esperança.

Em meio a manhã de ressaca
e a mágoa
e
a
névoa
Tem um café simpático
Em meio ao abismal prédio novo velho do centro
Com um cara que serve sorrindo
ele sorri
E dança
Música francesa,
Edith Piaf
Feliz.

"A selva é de pedras, muitas janelas.
Escolha uma e venha ver o Sol nascer"

Tem trânsito e caos e correria
e meninos negros correndo descalços
eles correm entre os engravatados
e não entendem
não sabem
eles nunca serão assim.

Estranho buk

O rosto sonhador

contra as

paredes do 

mundo

Onde

eu fui

parar?

Acordei nauseada.

Não sei se pelo que comi, 

Bebi

Ou

Se pela vída que enoja

Dá ânsia viver.

Dói as pálpebras a imprensa

O mercado 

A mercadoria

O emprego que não é trabalho

Ou o trabalho que não é emprego

Dói demais

A insanidade

Do que é viver hoje

E do que foi viver ontem

E do que vai ser viver amanhã 

O sistema  

Te fode

Te oprime

Te machuca

Te obriga a sorrir 

Sem lubrificante

Sem culpa

Sem dor.

Não é difícil recomeçar;
envolve paixão.
Muita paixão.
E uma dose exacerbada, exagerada, intensa. De loucura.

É muito difícil começar.

Palpita.
Dá pra ouvir as veias do pulso.
A dormência das mãos.
O suor frio.

A cabeça lateja.
As pernas amolecem.
Coração a 0º.

Não há remédio,
sono,
risos,
choros que acuda.

Haja vida.

Sofia tem transtornos.
Ânsia
Falta de ar
Loucuras
Paranoias

Sofia tem medo.
Fobia
Cansaço
Dor nas juntas
Dor nos juntos

Sofia não sabe lidar.
Com ela
Com os outros
Com o mundo

Sofia se entrega.
Aos prazeres
Às loucuras
Àquilo que ela não sabe ao certo

Sofia vive.
Mas
Não
Sabe
Viver.

Libertação pessoal. Dá trabalho ser feliz.

A estrela da vida inteira

Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
-O que vejo é o beco.